segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Problema


Minha mente fervilha de pensamentos, chega a latejar, impedindo-me de dormir.
Entretanto, cada vez que tento por pra fora estes issos que me preenchem, minha boca cala, meus olhos cegam e minhas mãos repousam.
Meus pés param, imobilizados com a possibilidade de meus esforços serem vãos, vazios, frente a todo um resto que nunca chega a se manifestar.
As palavras voltam sem ter ido, formando círculos nos quais frequentemente me engasgo.
Cada qual daquilo sobre o que tenho a dizer perde o sentido diante de tudo o mais que penso que poderia estar dizendo. Pior, que poderia estar pensando em dizer.
E ainda questionam minhas piadas sem graça! O que consegue sair deste turbilhão só pode ser infame mesmo!
De médico, poeta e louco, dizem que todos têm um pouco.
Tenho certeza de que excedi minha dose.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Paradoxo de aniversário


“Como você se sente hoje?”
Eu poderia responder que me sinto um dia mais próxima da decrepitude, cuja sombra angustiante lança seu vazio sobre mim enquanto prossigo em passo insignificante por um caminho desnorteado.
Ou talvez, que me sinta radiante, iluminada pela luz atraente de um futuro pleno de possibilidades que me faz voar em imaginação.
Mas, na realidade, sinto-me a mesma de sempre, que muda a cada instante e que sabe aproveitar cada um de seus fugazes momentos de melancolia ou felicidade.

domingo, 6 de setembro de 2009

Dancing with myself


Here’s the thing! Estou a um tempo querendo escrever algo sobre música e parece que nunca consigo compor frases que expressem adequadamente o que sinto quanto a ela.
Este é um tema que me sugere uma vivacidade de espírito, uma espontaneidade e sensibilidade aos quais, ultimamente, não tenho feito jus...
Então, vou esforçar-me para recuperar um antigo encantamento, esboçar paisagens de tom e cor para redescobrir intimamente seus efeitos na minha própria pele.
Há uma frase de Artur da Távola da qual eu gosto muito: “Música é vida interior. E quem tem vida interior jamais padecerá de solidão.” C’est ça! Preencher os dias (não confundam com mero entulhar!) com algo que complete a você mesmo, que inspire! Que seja como a própria respiração, daquelas de doer os pulmões, tão profundamente a sentimos!
Música não pode ser apenas ouvida, deve ser sentida, vivenciada!
Isadora Duncan, certa vez disse: "Dançar é sentir, sentir, sentir é sofrer, sofrer é amar... Tu amas, sofres e sentes. Dança!".
Dançar para expressar o arrebatamento de momentos intensos e exultantes... Cantar porque se sente feliz ou cantar para transformar lágrimas e dor em voz.
Quantas vezes minha vassoura foi uma guitarra ou microfone em potencial! Quantas vezes eu escorreguei de meias pelo assoalho e estourei o som do rádio até o último volume, fazendo de palavras alheias as minhas próprias...
Doce e brando acalanto, rodopios pela casa em plena faxina: Frank Sinatra começa a tocar...