quinta-feira, 14 de julho de 2011

Ces russes sont fous...


Há alguns anos, B perguntou-me:
“Qual o romance russo da vez? Onde estão os lenços e chocolates?”
Sim, sim. Nem eu mesma me aguentava na época; drama demais até para uma personagem de Wagner. Virou referência obscura da nossa amizade.
Escrevo este texto para você, B. Quero dizer-lhe que achei o romance russo perfeito. Por certo que não é romance, é conto. Mas é mais russo do que vodka! (Que, aliás, suspeita-se até hoje ser uma invenção polonesa...).
Esses russos loucos, por isso os compreendo.
Não precisei de lenços. Chocolates iriam bem.

Imagem de Anna Kostenko

sábado, 2 de julho de 2011

Desculpem-me



Este é mais um poema triste.
Só na solidão mais absoluta
[que sinto na tristeza]
É que consigo escrever.
Só escrevo sobre decepção,
desculpem-me.
Só escrevo sobre chuva e frio.
E vazio.
A vida é suave assim, mesmo triste.
Sinto-me dona do que sinto.
Eu sei. Ao menos suponho.
Estamos como que na estaca zero.
Sei que é bonito ser alegre.
E não sei se precisaríamos ou deveríamos começar tudo de novo.
Perdão, mas palavras alegres não se formam nos meus lábios.
Não agora.
Não quando escrevo.
Se se formassem, eu perderia a alegria.
Estou confusa.
E sei que repetitiva, e chata, desculpem-me.
Desculpem-me.
Mas estou triste.
E não é culpa da chuva.
Nem do frio.
Nem do vazio, talvez.
Talvez a tristeza goste de mim.
E por vezes aprecio sua companhia.

Woody Allen's wisdom

"In short, the best thing to do is behave in a manner befitting one's age. If you are sixteen or under, try not to go bald. On the otherhand, if you are over eighty, it is extremely good form to shuffle down the street clutching a brown paperbag and muttering, "The Kaiser will steal my string." Remember, everything is relative-or should be. If it's not, we must begin again."

On youth and age. Without Feathers. Woody Allen